18/02/2009 - 17h44
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A representação brasileira no parlamento do Mercosul aprovou nesta quarta-feira a adesão da Venezuela ao bloco econômico. Por nove votos a quatro, os deputados e senadores que integram a representação avaliaram que o país presidido por Hugo Chávez deve integrar o Mercosul --mesmo após sucessivas críticas ao país por ter aprovado referendo que autoriza reeleições sucessivas ao chefe de Estado.
O Senado vai dar a palavra final sobre a adesão da Venezuela no bloco econômico. Depois de aprovado pela representação, a matéria segue para análise da Comissão de Relações Exteriores da Casa. A última etapa do processo é o plenário do Senado, que vai decidir sobre o ingresso do país no bloco em caráter definitivo. A Câmara já aprovou a adesão da Venezuela ao Mercosul no final do ano passado.
A oposição fez duras críticas à entrada da Venezuela no Mercosul com o argumento de que o país não exerce a democracia ao perpetuar seu presidente no poder. "Vamos trazer para o nosso seio alguém que luta pela discórdia, faz sanções comerciais apenas naquilo que lhe interessa?", questionou a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que deve ser escolhido presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, criticou a Venezuela ao afirmar que a alternância no poder é uma das principais características da democracia --em referência ao referendo aprovado pela população que beneficia Chavez.
"O atual presidente fala pelo governo com características plenipotenciárias. A alternância no poder deve ser preservada na democracia", disse Azeredo.
Em defesa da Venezuela no Mercosul, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que o país não pode ser punido porque tem Chavez no poder. "Não vamos excluir, construir uma cultura de guetos. Temos que dar um passo definitivo para a integração regional", disse.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), também favorável à Venezuela, afirmou que "o mais importante é que o presidente Chavez passa, mas o país fica" no bloco econômico. "Se votarmos contra, isso vai atrasar a nossa integração regional. O nosso objetivo não é só trazer a Venezuela, mas firmar parcerias com o pacto andino", disse Simon.