Por Julio Villaverde
MONTEVIDÉU, 28 de novembro (Reuters) - O segundo turno da eleição presidencial do Uruguai ocorre neste domingo, com o ex-guerrilheiro José Mujica como favorito para mais cinco anos no poder da coalizão de esquerda Frente Ampla.
Mujica, de 74 anos, concorre com o ex-presidente conservador Luis Alberto Lacalle, de 68, do Partido Nacional.
Dos 3,3 milhões de habitantes do país, 2,56 milhões estão habilitados a votar.
Cinco pesquisas de intenção de voto apontam uma vitória cômoda para Mujica, colocando-o com 49,1 a 50 por cento dos votos, ante 41 a 42,7 por cento para Lacalle.
"O resultado já está aí", disse o diretor da empresa de pesquisa Interconsult, Juan Carlos Doyenart. Para ele, apenas um imprevisto de enormes proporções mudaria o cenário.
A Frente repetiria a vitória na eleição de 2005, quando o socialista Tabaré Vázquez ganhou a presidência no primeiro turno, acabando com o histórico domínio das correntes políticas tradicionais.
O presidente adotou uma política econômica bem sucedida que protegeu o Uruguai da recessão durante a crise global. Ele tem uma popularidade recorde.
Neste ano, Mujica ganhou o primeiro turno em outubro, mas não obteve a maioria absoluta, levando a eleição para o segundo turno.
Ele, que militou na guerrilha urbana Tupamaros entre o fim da década de 1960 e início da de 1970, prometeu seguir a linha de gestão de Vázquez.
"O mesmo cachorro com a mesma coleira", disse ele nesta semana, com seu linguajar típico.
Mujica disse também que pretende aprofundar os programas dirigidos aos mais pobres e aos pequenos produtores rurais, entre os quais cresceu.
Propietário de uma pequena granja perto de Montevidéu, na qual trabalha assiduamente, Mujica não dá muita atenção a sua apresentação pessoal, como roupas e cabelo, nega-se a usar gravata e tem uma enorme popularidade entre os mais pobres.
Lacalle, advogado e propietário de terras que governou o país entre 1990 e 1995, tentou mudar seu estilo muitas vezes visto como arrogante, apresentando-se aos eleitores usando apenas camisa durante atos públicos.
Reconhecendo a bem-sucedida gestão de Vázquez e seus importantes programas sociais, o candidato opositor prometeu apenas mudanças visando eliminar alguns impostos e melhorar a segurança pública, ponto fraco do governo da Frente.
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